Segunda maior município de Mato Grosso em população, Várzea Grande segue na mira de investidores, que projetam aportar R$ 568 milhões em empreendimentos privados este ano. Vizinha da Capital mato-grossense da qual é separada pelas águas do rio Cuiabá, tem localização privilegiada no Estado. Depois de ostentar o título de Cidade Industrial, o município agora se projeta como polo educacional e prestadora de serviços. Além disso, é a porta de entrada para muitos visitantes, já que detém o maior terminal aeroportuário de Mato Grosso, o Aeroporto Internacional Marechal Rondon. Neste terça-feira (15), os 274 mil várzea-grandenses lembram os 151 anos de fundação do município, onde ganham contornos as edificações de novos empreendimentos voltados para a formação e qualificação educacional, como os campos da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) e Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat), todos eles na região conhecida como Chapéu do Sol.

No local também está sendo implantado o novo Fórum de Várzea Grande, orçado em R$ 54 milhões e que abrigará 22 varas judiciais em seus 22 mil metros quadrados de área construída. A previsão é que novo fórum seja inaugurado em 2019. Na região será construída a nova sede do Ministério Público Estadual (MPE) no município, acrescenta o secretário municipal de Desenvolvimento Urbano, Econômico e Turismo, José Roberto Amaral de Castro Pinto. Outro empreendimento com investimento público de R$ 12 milhões e em fase de instalação na localidade é o Parque Tecnológico de Mato Grosso. O início das obras de construção do Centro de Inovação do Parque Tecnológico foi autorizado na semana passada pelo governo de Mato Grosso e pela prefeitura de Várzea Grande, parceiros no empreendimento. Como cidade metropolitana, Várzea Grande teve parte de seu desenho urbano reconfigurado com obras de infraestrutura e mobilidade urbana motivadas pela realização da Copa do Mundo de 2014 e que trouxe jogos do Mundial de Futebol para a Capital naquele ano. Um dos principais projetos de mobilidade programados para a Copa e que beneficiaria também a população várzea-grandense, o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), continua estacionado. Orçado em R$ 1,4 bilhão, dos quais R$ 1,066 bilhão foram pagos pelo governo do Estado, o metrô de superfície desalojou inúmeros lojistas ao longo da avenida da FEB, por onde passariam os trilhos e que não foram concluídos até hoje. A avenida é uma das principais da cidade e possibilita o acesso ao Aeroporto Internacional Marechal Rondon, além de interligar a Cuiabá.

Apesar da paralisação das obras do VLT continuar afetando a cidade, os aportes de recursos públicos nos empreendimentos nas áreas jurídica e educacional estimulam os investimentos privados, inclusive na área habitacional. Na área da construção civil estão previstas 6,340 mil unidades habitacionais no município e que demandarão R$ 470 milhões, com potencial para gerar 7,105 mil empregos diretos e indiretos, segundo a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, Econômico e Turismo. São computados pela prefeitura municipal mais R$ 98 milhões previstos para instalação de 9 empresas na cidade e que poderão estimular a contratação de 1,755 mil trabalhadores, direta e indiretamente. As novas empresas incluem indústrias química, cerâmica, de ração animal, de artefatos de concreto, de móveis planejados, além de distribuidoras de alimentos.

Atualmente, o município de Várzea Grande abriga 30,512 mil empresas ativas, número 4,35% maior que o total registrado no mesmo período do ano passado e que somava 29,240 mil, segundo dados estatísticos do Empresômetro, ferramenta tecnológica idealizada pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT).

Com o crescimento da base de contribuintes, a arrecadação de impostos aumentou 9,40% em 2018, comparado com o ano anterior. Desde 1º de janeiro deste ano até a véspera do aniversário de Várzea Grande, os contribuintes pessoas físicas e jurídicas da cidade pagaram R$ 40,356 milhões em impostos, informa o Impostômetro da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). A cifra contempla tributos e taxas cobradas pelas administrações municipal, estadual e federal. No mesmo período do ano passado foram pagos R$ 36,886 milhões.

Outra característica de Várzea Grande é que o município se mantém como um dos principais polos de empregos de Mato Grosso. Em 2017, foram criadas 19,733 mil vagas de trabalho, mas foram desligados 18,116 mil trabalhadores, resultando no saldo positivo de 1,617 mil novas vagas abertas no município, segundo o Ministério do Trabalho. Com esses números, Várzea Grande se posiciona como 4º maior empregador do Estado, entre os 141 municípios mato-grossenses.

No 1º trimestre de 2018 foram abertas 4,855 mil vagas de emprego, mas o número de demissões foi maior no período e alcançou 4,973 mil vagas, levando ao deficit de 118 postos de trabalho, aponta o governo federal por meio do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Para que o município consiga ampliar a geração de empregos e aproveitar a mão de obra que será formada e qualificada com os novos empreendimentos na área educacional, é preciso criar condições para atração de investimentos, especialmente na área industrial, defende o presidente da Associação Comercial e Industrial de Várzea Grande (Acivag), Adauto Tuim. Como vice-presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Várzea Grande, ele também se posiciona favorável ao aumento da base de contribuintes no município para melhorar a arrecadação, evitando penalizar as empresas já instaladas com aumento de impostos. “Temos exemplos de contribuintes que sentiram aumento de 200% na cobrança do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e alvará deste ano, em comparação com 2017”, reclama. Como instrumento para estimular a chegada de novas indústrias, Tuim defende a criação de um novo distrito industrial, já que o atual está com a área de 170 hectares quase toda ocupada. “Na minha avaliação, Várzea Grande poderia ser hoje um dos municípios com melhor infraestrutura do Brasil, já que elegeu 2 ex-governadores, ex-senadores e ex-deputados federais”, critica o professor da Faculdade de Economia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Antônio Ricardo. Para ele, a população local continua muito dependente do poder público, especialmente na periferia da cidade. “A cidade cresceu muito e sem planejamento. Ainda faltam políticas públicas na área de educação, saúde e segurança, que devem acontecer de forma contínua”.