As redes e as redeiras do Distrito de Limpo Grande, em Várzea Grande, foram destaques e chamaram à atenção da população carioca no último fim de semana, no Rio de Janeiro. Mais de 20 pessoas participaram da oficina “Customização: Redes, Rendas e Afetos Pantaneiros”, ministrada por integrantes da Associação de Redeiras (Tecearte/MT).  Numa oportunidade única, as artesãs puderam ensinar parte de seu oficio e apresentar as tradições seculares de toda uma comunidade, que vai passando de geração em geração.

A oficina integrou a programação da Semana Pantaneira, de 18 a 22, realizada no Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro (CRAB), na praça Tiradentes, na região central do Rio de Janeiro. As atividades são organizadas pelos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, banhados pelas águas que formam o Pantanal e pela cultura que ‘inunda’ esse bioma.

A semana trabalhou a economia criativa do Pantanal ligada ao grande valor do patrimônio histórico e cultural presente na exposição “Casa do Brasil Central, do Cerrado ao Pantanal”, que reúne 6.400 obras de mais de 150 artesãos do Centro-Oeste, promovida pelo Sebrae de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal. Com curadoria de Renato Imbroisi, a exposição é uma das maiores e mais diversificadas mostras de artesanato brasileiro no CRAB.

As participantes da oficina, entre elas bordadeiras, pessoas que trabalham com encadernação, designer de moda e até uma pesquisadora de artesanato Brasileiro, se encantaram com a técnica de tecelagem e bordado.

Muitas delas participam do grupo de encadernação Canteiro de Alface, criado em 2009 sob a coordenação de Luíza Gomes Cardoso. Logo de cara, ela se revelou entusiasmada: “Não perderia isso por nada do planeta”. E prosseguiu, “o bordado pode ser aplicado na encadernação de várias formas, em livros, capas... Gosto de juntar bordado, renda com encadernação e trazer outras referências”.

Em busca de novos aprendizados para sua confecção, a Think Blue, aberta há sete anos, a microempreendedora individual (MEI), Mirella Rodrigues, também se inscreveu na oficina para aprender, conhecer novas técnicas não só para aplicar em seus produtos, mas também para compartilhar com outras pessoas. “O bordado pode entrar em tudo, em várias formas de expressão artística”, reforça.

Glória Correia, pesquisadora em artes manuais para terapia, que conduz a sala do bordado do Museu do Artesanato do Rio de Janeiro, sediado em Petrópolis, também se entusiasmou com as possibilidades apresentadas pelas redeiras e disse que tudo isso faz parte dos fios que vão sendo tecidos ao longo da vida.

O grupo bordou numa mini varanda de rede feita de puçá, esticada num bastidor de madeira. Se para as participantes a experiência foi única e rica, para as redeiras também. A presidente da Tecearte, Jilaine Maria da Silva, conta que essa é a primeira vez que fazem uma oficina e diz que a experiência pode se repetir quando retornarem a Mato Grosso.

Ao abrir a oficina, Suenia Sousa, coordenadora do Programa Pró-Pantanal no Sebrae MT, ressaltou que se trata do resgate de uma técnica milenar, repassada de mãe para filhas há gerações.

Isabella Montello, coordenadora do Pró-Pantanal em Mato Grosso do Sul, destacou que a cultura une o povo pantaneiro. “A gente não tem como separar, é um bioma só”. Suenia completa dizendo que os tuiuiús (ave símbolo do Pantanal) fazem voos sem distinguir fronteiras.

A exposição “Casa do Brasil Central, do Cerrado ao Pantanal”, segue até o dia 29, na Praça Tiradentes, 69/71, Centro do Rio de Janeiro/ RJ. Funciona de terça-feira a sábado, das 10h às 17h, com entrada gratuita.