Foto: SECOM-VG


Várzea Grande encerrou, nesta sexta-feira (05), o quinto e último encontro das oficinas participativas para a revisão do Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB). A avaliação dos organizadores é positiva: a média de participação foi de 50 moradores por reunião, incluindo presidentes de bairros, lideranças comunitárias e usuários diretos dos serviços de água e esgoto.

As oficinas foram realizadas nas cinco regiões da cidade — Leste, Centro, Norte, Oeste e Sul — e tiveram como foco ouvir a população sobre os problemas enfrentados no dia a dia. Também foi realizada uma apresentação extra do diagnóstico preliminar aos vereadores no último dia 04, no gabinete da prefeita Flavia Moretti (PL)

As principais demandas apontadas pela população evidenciou um padrão: baixa pressão na rede e irregularidade no abastecimento, vazamento, ausência de coleta de esgoto, entre outras reclamações pontuais.

Os apontamentos reforçam os dados já identificados pelo diagnóstico técnico da Fipe, que aponta 97,6% de cobertura de água mas com 60% de perdas na distribuição; e apenas 19,1% da população atendida com coleta de esgoto, sendo 16,6% com coleta e tratamento.

Consulta on-line - Com o ciclo presencial concluído nas cinco regiões, a Secretaria de Assuntos Estratégicos reforça que a consulta pública on-line continua ativa até 15 de dezembro. Todas as contribuições recebidas digitalmente serão incorporadas ao estudo técnico que já está em fase de consolidação.

A secretária de Assuntos Estratégicos, Ina de Maria, destaca a importância da participação popular.  “O diagnóstico técnico é fundamental, mas ele só ganha profundidade quando dialoga com quem vive o problema na prática. As oficinas mostraram que a população quer participar e tem clareza das prioridades. Agora seguimos para a fase de prognóstico, onde apontaremos as soluções”.

Prognóstico -  A partir do encerramento da escuta, a equipe técnica da Fipe começa a etapa de prognóstico, considerada a fase mais estratégica do plano. É ela que define o “remédio” para os problemas apontados — ou seja, as soluções, programas, metas e investimentos necessários para os próximos anos.

A engenheira sanitarista da Fipe, Rosidelma Guimarães, explica: “O prognóstico transforma o diagnóstico em ação. Identificamos as fragilidades da rede de água, o déficit de reservação, o alto índice de perdas e o baixo alcance do esgotamento sanitário. Agora vamos construir cenários de solução, com metas, prioridades e viabilidade técnica para Várzea Grande”.

Em todos os encontros, as equipes do município e da Fipe apresentaram:

-o diagnóstico atualizado do sistema de água, mostrando a necessidade de intervenções nos sete sistemas de captação, nas oito ETAs e nos 23 reservatórios;
-o diagnóstico do esgotamento sanitário, revelando déficit estrutural, 20 ETEs em operação que precisam de melhorias e a previsão da nova ETE Santa Maria;
-as principais deficiências do saneamento, entre elas falta de reservação, perdas na distribuição, falta de macro e micromedição, ausência de plano de segurança hídrica e ausência de projetos de reestruturação de redes;
-a importância da atualização do PMSB, obrigatória por lei, essencial para acessar recursos federais e necessária para alcançar as metas de universalização até 2033.

Próximos passos - Com o encerramento das oficinas presenciais e a manutenção da consulta on-line, o cronograma segue assim:
-até 15/12 – prazo final para contribuições pela internet;
-dezembro – consolidação das sugestões e finalização do prognóstico;
-janeiro de 2026 (previsão) – realização da audiência pública que apresentará a versão final do Plano Municipal de Saneamento Básico;
-após a audiência – envio do documento à Câmara Municipal.

A secretária Ina de Maria reforça que a construção do plano é contínua e estratégica.?“O PMSB não é apenas uma obrigação legal, é um instrumento de gestão que define qualidade de vida. Com o diagnóstico, a escuta e o prognóstico, Várzea Grande está construindo um plano sólido e alinhado à realidade de cada bairro”.

Adesão popular - Maria Conceição, moradora do bairro Capela do Piçarrão há 17 anos, relatou durante a escuta pública a ausência de esgoto e problemas com o abastecimento de água. “Não falta água, vem um dia sim e outro não, porém ela chega em horários irregulares e com baixa pressão, causando transtornos”. 

Ela também elogiou a iniciativa da gestão municipal de ouvir a população sobre saneamento. “Eu quero expressar apoio à gestão atual, acredito que esses encontros estão ocorrendo porque querem resolver os problemas, por isso fiz questão de vir participar”, afirmou.

Já o senhor Dijalma Santos Camargo Assunção, presidente do bairro Sousa Lima, compareceu a reunião representando os moradores . Ele pontuou que os dois maiores problemas sao com esgoto, e a irregularidade nós dias de abastecimento de água. “Algumas moradias não tem fossa e jogam o esgoto na rede de água da chuva o que trás mal cheiro e quanto ao abastecimento de água tem semanas que ocorre regularmente porém em outras não vem”. 

Ele também destacou a importância da comunidade se engajar mais e participar ativamente das decisões.